Palestra da proximity...

Uma palestra de Cannes me chamou atenção este ano. Não era uma das principais, das mais cotadas. Me chamou atenção a pessoa física. Ao Giuliano. Falava sobre a minha geração.
A palestra começou com um pedaço do filme "clube da luta" onde o personagem vivido por Brad Pitt discursa para seus discípulos:

" A propaganda nos faz comprar carros e roupas, trabalhar em empregos que odiamos para comprar merdas inúteis. Somos uma geração sem peso na história, cara. Sem propósito ou lugar. Nós não temos uma Grande Guerra. Nem uma Grande Depressão. Nossa Grande Guerra é a guerra espiritual... nossa Grande Depressão é nossa vida. Todos nós fomos criados vendo televisão para acreditar que um dia seríamos milionários, e estrelas de cinema, e estrelas do rock. Mas não somos. E estamos aos poucos tomando consciência disso."

Mas parece que os antigos punks, hippies e outros desencontrados estão se tornando numa das maiores forças de consumo e de decisão do planeta. Sim...a geração X. Muito me admira, pois cresci ouvindo que a minha geração não daria em nada. Um bando de vagabundos sem futuro. Bom, a palestra resumiu a geração em 3 pequenas categorias que não são nada originais:

Os cruisers, supostamente gente que prefere não se encaixar no sistema. Não usa marcas e tem suas crenças cristalizadas.

Os Nesters, gente que gosta de se reunir com um seleto grupo de amigos e vivem com o design e a informação ao seu lado. Muito opinativos e consumidores de tecnologia.

Os Super Breeders, pais que, de alguma maneira, voltaram no tempo e se tornaram mais autoritários, protetivos e tradicionalistas com seus filhos que seus pais foram com eles.

Eu sinto que me encaixo entre o primeiro e o segundo grupos. Tudo fundamentado em pesadas pesquisas e 350 horas de vídeos para exemplificar esse mapeamento. Nada que eu já não tivesse ouvido.

O que me interessou realmente foi um pequeno dado. Sempre achei que o legado do Ozzi, para os metaleiros, bem satánico, do talking heads, bem sinico e inteligente, do sex pistols, bem anarquista, deixariam pra tras, junto a um montão de viciádos em vários tipo de droga, pessoas pessimistas. Ou talvez o mesmo seria culpa da bomba atômica, sempre prestes a acabar com o mundo.

Pois, não foi a minha surpresa, que entre o baby boomers, que enriqueceram mais que todas gerações anteriores, e os millenials, que buscam o sucesso antes de tudo, a única das três que aparenta estar feliz é a minha, a geração X. Parece que os boomers não encontraram o que estavam procurando no pote de ouro e os MIllenials também não encontram retorno nas suas realizações.

Interessante saber que nós, que apenas queríamos algo diferente do que estava ali, estabelecido, nos contentamos em seguir em frente fazendo o que acreditávamos e nos sentimos felizes por isso hoje. Viva!!!!